23 outubro 2010

07 julho 2010

01 julho 2010

de onde vêm as palavras?

Jane Tanner
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clube da imaginação - de onde vêm as palavras?
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As palavras vêm da varinha mágica que é a língua.

As palavras vêm da sopa.
As palavras vêm dos sons que ouvimos quando estamos com os nossos amigos.
Há palavras quentinhas, acabadinhas de sair do forno.
Se a caneta não escrever, as palavras saem pelas mãos.
As palavras vêm da lua de Inverno.
As palavras são muito tímidas e quando querem sair de casa, vão pela chaminé.
As palavras vêm do coração.
As palavras vêm da palavra “palavra”.
As palavras vêm do fogo, quando o acendemos, as palavras queimam-se e saem, iluminadas.
É da imaginação que vêm as melhores palavras.
Se fosse uma prenda com palavras más, eu não a abria.
As palavras vêm de Homero porque os poetas têm muita sabedoria.
As palavras vêm nas nuvens brancas.
Quando dizemos a palavra errada ela desaparece.
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Ana, Ana Rita, João L., João R., Carina, Adriana, Pedro, Alexandre, Inês (10 e 11 anos)
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Fonte: Blog de Cristina Tavares

19 junho 2010

Frutos

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Pêssegos, pêras, laranjas,
morangos, cerejas, figos,
maçãs, melão, melancia,
ó música de meus sentidos,
pura delícia da língua;
deixai-me agora falar
do fruto que me fascina,
pelo sabor, pela cor,
pelo aroma das sílabas:
tangerina, tangerina.
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Eugénio de Andrade

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02 junho 2010



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A poesia é uma pulga,
coça, coça, me chateia,
entrou por dentro da meia,
saiu por fora da orelha,
faz zumbido de abelha,
mexe, mexe, não se cansa,
nas palavras se balança,
fala, fala, não se cala,
a poesia é uma pulga,
de pular não tem receio,
adora pular na escola...
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Só na hora do recreio!
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Sylvia Orthof

(A poesia é uma pulga. São Paulo: Atual, 1991,  p. 3)

12 abril 2010

Canção da Chuva

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Canção da Chuva
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Bate a chuva, tic...tic...
Nas vidraças da janela.
Canta a chuva, tic...tic...
Que linda canção aquela!
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Tic...tic...tic...tic...
Que linda canção aquela
De meninas ao despique:
- Qual de nós será mais bela?
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Meninas a fazer meia
Com as nuvens de novelo,
Nenhuma delas é feia!
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Tic...tic...tic...tic...
Tenho um medo que me pelo,
Que alguma delas me pique.

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António de Sousa

09 abril 2010

Poética

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I
.Que é a poesia?
                    uma ilha
                  cercada
                     de palavras
                      por todos
                   os lados
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II
.Que é o Poeta?
                             um homem
                  que trabalha o poema
                       com o suor do seu rosto.
                             Um homem
                                que tem fome
                                           como qualquer outro
                                                             homem.
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.Cassiano Ricardo

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05 abril 2010

Pé com pé

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Vídeo Pé com Pé gravado no Auditório Ibirapuera - parte do DVD Pé com Pé
Encontrei esse vídeo no blog Sentiletras
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Pé com pé
Palavra Cantada
Composição: Sandra Peres / Paulo Tattit
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Acordei com o pé esquerdo
Calcei meu pé de pato
Chutei o pé da cama
Botei o pé na estrada
Dei um pé de vento
Caiu um pé d'água
Enfiei o pé na lama
Perdi o pé de apoio
Agarrei num pé de planta
Despenquei com pé descaço
Tomei pé da situação
Tava tudo em pé de guerra
Tudo em pé de guerra
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Pé com pé, pé com pé, pé com pé
Pé contra pé
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.Não me leve ao pé da letra
Essa história não tem pé nem cabeça
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Vou dar no pé / Pé quente
Pé ante pé / Pé rapado
Samba no pé / Pé na roda
Não dá mais pé / Pé chato
Pegar no pé / Pé de anjo
Beijar o pé / Pé de meia
Manter o pé / Pé de moleque
Passar o pé / Pé de pato
Ponta do pé / pé de chinelo
Bicho de pé / Pé de gente
Fincar o pé / Pé de guerra
De orelha em pé / Pé atrás
Pé contra pé / Pé fora
A pé / Pé frio
Rodapé / Pé
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02 abril 2010

2 de abril: Dia Internacional do Livro Infantil !

O Dia Internacional do Livro Infantil  é comemorado no dia do nascimento do escritor Hans Christian Andersen.
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É dificil encontrar uma criança que ainda não ouviu ou leu uma das histórias de Andersen...
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A ROUPA NOVA DO REI
(O traje novo do Imperador)

Era uma vez um rei, tão exageradamente amigo de roupas novas, que nelas gastava todo o seu dinheiro. Ele não se preocupava com seus soldados, com o teatro ou com os passeios pela floresta, a não ser para exibir roupas novas. Para cada hora do dia, tinha uma roupa diferente. Em vez de o povo dizer, como de costume, com relação a outro rei: "Ele está em seu gabinete de trabalho", dizia "Ele está no seu quarto de vestir".
A vida era muito divertida na cidade onde ele vivia. Um dia, chegaram hóspedes estrangeiros ao palácio. Entre eles havia dois trapaceiros. Apresentaram-se como tecelões e gabavam-se de fabricar os mais lindos tecidos do mundo. Não só os padrões e as cores eram fora do comum, como, também as fazendas tinham a especialidade de parecer invisíveis às pessoas destituídas de inteligência, ou àquelas que não estavam aptas para os cargos que ocupavam.
"Essas fazendas devem ser esplêndidas, pensou o rei. Usando-as poderei descobrir quais os homens, no meu reino, que não estão em condições de ocupar seus postos, e poderei substituí-los pelos mais capazes... Ordenarei, então, que fabriquem certa quantidade deste tecido para mim."
Pagou aos dois tecelões uma grande quantia, adiantadamente, para que logo começassem a trabalhar. Eles trouxeram dois teares nos quais fingiram tecer, mas nada havia em suas lançadeiras. Exigiram que lhes fosse dada uma porção da mais cara linha de seda e ouro, que puseram imediatamente em suas bolsas, enquanto fingiam trabalhar nos teares vazios.
- Eu gostaria de saber como vai indo o trabalho dos tecelões, pensou o rei. Entretanto, sentiu-se um pouco embaraçado ao pensar que quem fosse estúpido, ou não tivesse capacidade para ocupar seu posto, não seria capaz de ver o tecido. Ele não tinha propriamente dúvidas a seu respeito, mas achou melhor mandar alguém primeiro, para ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade conheciam o maravilhoso poder do tecido e cada qual estava mais ansioso para saber quão estúpido era o seu vizinho.
- Mandarei meu velho ministro observar o trabalho dos tecelões. Ele, melhor do que ninguém, poderá ver o tecido, pois é um homem inteligente e que desempenha suas funções com o máximo da perfeição, resolveu o rei.
Assim sendo, mandou o velho ministro ao quarto onde os dois embusteiros simulavam trabalhar nos teares vazios.
- "Deus nos acuda!!!" pensou o velho ministro, abrindo bem os olhos. "Não consigo ver nada!"
Não obstante, teve o cuidado de não declarar isso em voz alta. Os tecelões o convidaram para aproximar-se a fim de verificar se o tecido estava ficando bonito e apontavam para os teares. O pobre homem fixou a vista o mais que pode, mas não conseguiu ver coisa alguma.
- "Céus!, pensou ele. Será possível que eu seja um tolo? Se é assim, ninguém deverá sabê-lo e não direi a quem quer que seja que não vi o tecido."
- O senhor nada disse sobre a fazenda, queixou-se um dos tecelões.
- Oh, é muito bonita. É encantadora!! Respondeu o ministro, olhando através de seus óculos. O padrão é lindo e as cores estão muito bem combinadas. Direi ao rei que me agradou muito.
- Estamos encantados com a sua opinião, responderam os dois ao mesmo tempo e descreveram as cores e o padrão especial da fazenda. O velho ministro prestou muita atenção a tudo o que diziam, para poder reproduzi-lo diante do rei.
Os embusteiros pediram mais dinheiro, mais seda e ouro para prosseguir o trabalho. Puseram tudo em suas bolsas. Nem um fiapo foi posto nos teares, e continuaram fingindo que teciam. Algum tempo depois, o rei enviou outro fiel oficial para olhar o andamento do trabalho e saber se ficaria pronto em breve. A mesma coisa lhe aconteceu: olhou, tornou a olhar, mas só via os teares vazios.
- Não é lindo o tecido? Indagaram os tecelões, e deram-lhe as mais variadas explicações sobre o padrão e as cores.
"Eu penso que não sou um tolo, refletiu o homem. Se assim fosse, eu não estaria à altura do cargo que ocupo. Que coisa estranha!!"... Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho do tecido e, depois, disse ao rei: "É uma verdadeira maravilha!!"
Todos na cidade não falavam noutra coisa senão nessa esplendida fazenda, de modo que o rei, muito curioso, resolveu vê-la, enquanto ainda estava nos teares. Acompanhado por um grupo de cortesões, entre os quais se achavam os dois que já tinham ido ver o imaginário tecido, foi ele visitar os dois astuciosos impostores. Eles estavam trabalhando mais do que nunca, nos teares vazios.
- É magnífico! Disseram os dois altos funcionários do rei. Veja Majestade, que delicadeza de desenho! Que combinação de cores! Apontavam para os teares vazios com receio de que os outros não estivessem vendo o tecido.
O rei, que nada via, horrorizado pensou: "Serei eu um tolo e não estarei em condições de ser rei? Nada pior do que isso poderia acontecer-me!" Então, bem alto, declarou:
- Que beleza! Realmente merece minha aprovação!! Por nada neste mundo ele confessaria que não tinha visto coisa nenhuma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiram ver a fazenda, mas exclamaram a uma só voz:
- Deslumbrante!! Magnífico!!
Aconselharam eles ao rei que usasse a nova roupa, feita daquele tecido, por ocasião de um desfile, que se ia realizar daí a alguns dias. O rei concedeu a cada um dos tecelões uma condecoração de cavaleiro, para seu usada na lapela, com o título "cavaleiro tecelão". Na noite que precedeu o desfile, os embusteiros fizeram serão. Queimaram dezesseis velas para que todos vissem o quanto estavam trabalhando, para aprontar a roupa. Fingiram tirar o tecido dos teares, cortaram a roupa no ar, com um par de tesouras enormes e coseram-na com agulhas sem linha. Afinal, disseram:
- Agora, a roupa do rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesões, veio vestir a nova roupa. Os tecelões fingiam segurar alguma coisa e diziam: "aqui está a calça, aqui está o casaco, e aqui o manto. Estão leves como uma teia de aranha. Pode parecer a alguém que não há nada cobrindo a pessoa, mas aí é que está a beleza da fazenda".
- Sim! Concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
- Poderia Vossa Majestade tirar a roupa? propuseram os embusteiros. Assim poderíamos vestir-lhe a nova, aqui, em frente ao espelho. O rei fez-lhes a vontade e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-se no espelho e vendo sempre a mesma imagem, de seu corpo nu.
- Como lhe assentou bem o novo traje! Que lindas cores! Que bonito desenho! Diziam todos com medo de perderem seus postos se admitissem que não viam nada. O mestre de cerimônias anunciou:
- A carruagem está esperando à porta, para conduzir Sua Majestade, durante o desfile.
- Estou quase pronto, respondeu ele.
Mais uma vez, virou-se em frente ao espelho, numa atitude de quem está mesmo apreciando alguma coisa.
Os camareiros que iam segurar a cauda, inclinaram-se, como se fossem levantá-la do chão e foram caminhando, com as mãos no ar, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. O rei caminhou à frente da carruagem, durante o desfile. O povo, nas calçadas e nas janelas, não querendo passar por tolo, exclamava:
- Que linda é a nova roupa do rei! Que belo manto! Que perfeição de tecido!
Nenhuma roupa do rei obtivera antes tamanho sucesso!
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo tudo muito estranho e gritou:
- Coitado!!! Ele está completamente nu!! O rei está nu!!
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar:
- Ele está nu! Ele está nu!
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Hans Christian Andersen
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Uma adaptação de Mauricio de Souza:
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A Roupa Nova do Rei interpretada pelo Núcleo Educatho:
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01 abril 2010

A que cheiram os livros?

Segundo a Ana Filipa ...

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Os livros normalmente cheiram-me normalmente a escola, a papel, a lápis a sabedoria, a aprendizagem…
Mas se forem livros de histórias e se a história me encantar, o livro até pode cheirar a mar, a floresta, a aventura, dependendo da história e do entusiasmo com que eu a leio.
Adoro o cheiro dos livros.
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(Ana Filipa, n.º1, Escola E. B. 2, 3 Dr. Carlos Pinto Ferreira, Junqueira, Vila do Conde- Portugal)
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Encontrei o texto da Ana Filipa no blog NETESCRITA da querida educadora Emília Miranda.
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25 março 2010

Bandeira ao vento


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-Fiz hoje na escola uma composição do Dia da Bandeira tão bonita, mas tão bonita... pois até usei palavras que eu não sei bem o que querem dizer.
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Clarice Lispector
(Do livro - Para não esquecer)
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24 março 2010

Futuro de uma delicadeza

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- Mamãe, vi um filhote de furacão, mas tão filhotinho ainda, tão pequeno ainda, que só fazia mesmo era rodar bem de leve umas três folhinhas na esquina...
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Clarice Lispector
(Do livro: PARA NÃO PENSAR )
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As palavras e os cinco sentidos


Ilustração de Karem Stormer
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Ah, as palavras auditivas:
sussurro, valsinha, ronco,
grilho, acalanto, fungado...
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Ah, as palavras visuais:
arco-íris, carta, cartaz,
montanha, foto, circo...
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Ah, as palavras olfativas:
flores, mata, mexerica,
poluição, cozinha, Tereza...
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.Ah, as palavras gustativas:
beijo, bebida, hortelã,
pé-de-moleque, licor, sorvete...
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Ah, as palavras táteis:
mãos, abraços, ternura,
beliscar, frio, pisar...
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.Elias José
do livro: O jogo das palavras mágicas
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19 março 2010

Ilustração de António Albuquerque
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Basta dizer esta palavra,
tão íntima e amiga,
e ganhamos asas
e tudo era uma vez.
Tudo vira só sonho e magia.
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Dizer FAZ-DE-CONTA
é como se dissesse
ABRACADABRA
e se entregasse à fantasia.
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Elias José
do livro PEQUENO DICIONÁRIO POÉTICO-HUMORÍSTICO ILUSTRADO
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13 março 2010

Meus oito anos



Meus oito anos

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
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Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
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Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

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Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minhã irmã!
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Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
—Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
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Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
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................................
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Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
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Casimiro de Abreu
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10 março 2010

A porta

A PORTA
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Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
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Eu abro devagarinho
Prá passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Prá passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Prá passara cozinheira
Eu abro de sopetão
Prá passar o capitão.
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Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
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Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu.
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Vinícius de Morais
(A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 26)
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08 março 2010

07 março 2010

Convite...



Tenho um blog que apresenta Cecília Meireles para as crianças. Nessa semana ele alcançou o número de 500000 visitas. Clique AQUI para conhecer o blog e participar dessa festa .
Grande abraço!
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Folheto para pais




05 março 2010

As cores e as palavras

Ilustração de Jessie Willcox Smith

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As cores e as palavras
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Há palavras azuis:
céu, encontro, amigo,
beleza, sorriso, serenidade...
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Há palavras brancas:
comunhão, véu, vôo,
pureza, solidão, paz...
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Há palavras vermelhas:
samba, sangue, guerra,
futebol, lábios, paixão...

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Há palavras cinzentas:
pesadelo, indiferença, nunca,
finados, inverno, poluição...
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Há palavras amarelas:
girassol, luar, inteligência,
poder, luz, sucesso...
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Há palavras rosadas:
vinho, vela, mocidade,
namoro, noivado, jardim...


.Há palavras verdes:
mar, mata, esperança,
novo, brotação, vida...
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Há palavras multicoloridas:
arco-íris, jardim, lápis,
festa, feriado, floricultura...

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Elias José

(O jogo das palavras mágicas. São Paulo: Paulinas, 1996)

04 março 2010

Se


Se

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Se as casas tivessem asas
Se as asas varressem o mar
Se o mar coubesse no copo
Se o copo jogasse bola
Se a bola virasse Sol
Se o Sol fosse à escola
Se a escola se escondesse de segunda a sexta-feira
Se a sexta-feira se vestisse de vermelho
Se o vermelho pintasse a chuva
Se a chuva abrisse a porta
Se a porta caminhasse pela rua de braço dado com a Lua
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Se a Lua saltasse para a minha mão
e eu a comesse dentro do pão!
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Luisa Ducla Soares
(No reino das palavras . Adaptado para o português do Brasil )

28 fevereiro 2010

Gato da China



Era uma vez
um gato chinês
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que morava em Xangai
sem mãe e sem pai
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que sorria amarelo
para o Rio Amarelo
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com seus olhos puxados
um pra cada lado
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Era um gato mais preto
que tinta nanquim
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de bigodes compridos
feito um mandarim
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que quando espirrava
só fazia “chin!”
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Era um gato esquisito
comia com palitos
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e quando tinha fome
miava “ming-au!”
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mas lambia o mingau
com sua língua de pau
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Não era um bicho mau
esse gato chinês
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era até legal
Quer que eu conte outra vez?
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José Paulo Paes
(Poemas para brincar, São Paulo: Ática, 1991)

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27 fevereiro 2010

Essência

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Pessoas vestem roupas. Até a minha cama é forrada de lençol. Tem meia para o pé e luva para a mão. Tem calcinha, sutiã, touca e cachecol. Meu cachorro é cheio de pêlos e a montanha é cheia de árvores. Hoje, até as nuvens esconderam o céu e a grama forrou o quintal. Uma coisa é por cima da outra. A bala veio enrolada no plástico e até a borboleta se cobriu. Quando eu tiro a minha roupa, a epiderme não me abre e, se eu me descascasse, ainda seria músculo a enrolar o osso. É. Ainda tem o osso. Talvez eu seja, então, só aquela carninha dentro do osso de uma coxa de galinha.

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26 fevereiro 2010

Faz-de-conta

Ilustração de Patricia Metola
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Basta dizer esta palavra,
tão íntima e amiga,
e ganhamos asas
e tudo era uma vez.
Tudo vira só sonho e magia.

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Dizer FAZ-DE-CONTA
é como se dissesse
ABRACADABRA
e se entregasse à fantasia.
.
Elias José
( do livro : PEQUENO DICIONÁRIO POÉTICO-HUMORÍSTICO ILUSTRADO )
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21 fevereiro 2010

20 fevereiro 2010

Segredo

SEGREDO
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Os carros atropelam minha bola.
A empregada reclama do encerado.
Mamãe esconde sempre meus esqueites,
pois se eu caio
dou despesa e atrapalho.
Os adultos
– cá pra nós –
só dão trabalho.
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Leila Míccolis
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16 fevereiro 2010

O pingüim

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O PINGÜIM
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Bom-dia, Pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.
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Vinicius de Moraes
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11 fevereiro 2010

No mundo da lua

Ilustração de Patricia Metola
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NO MUNDO DA LUA

Lá vai a lua ...
Lá vai ! ...
Boiando ...
Como um limão que flutua.
E eu fico de cá, pensando:
Que haverá dentro da lua?
Mas a lua nem me escuta ...
Fura uma nuvem,
Se esconde .
Surge e se põe a me olhar.
Será que de “esconde-esconde”
Ela está me convidando
Para brincar ?
E a lua continua ...
Lá vai andando,
Lá vai !
- Ninguém a está segurando ...
Por que é que a lua não cai ?
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Martins D'Alvares
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