28 fevereiro 2009

PORQUINHO-DA-ÍNDIA

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Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
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Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos,
Ele não gostava:Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
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Manuel Bandeira
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25 fevereiro 2009

Na escada


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NA ESCADA
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Quem o vê tão sossegado,
Pensa logo: - “É quase certo
Estar fazendo algo errado,
Pois não há ninguém por perto .
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Entretanto, não se assustem;
Podem crer, não houve nada;
O menino está quietinho,
Sentado em meio da escada.
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Nem em cima, nem embaixo
- como podem constatar –
Há um degrau , um sómente ,
Que ele escolhe pra sentar.
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Fica ali horas, sonhando;
É soldado, é marinheiro ...
Pra ele, aquele degrau
Representa o mundo inteiro .
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Por isso, vamos deixá-lo ,
Que não venha a despertar;
Saímos, pé ante pé ...
- é tão gostoso sonhar !...
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Maria de Lourdes Figueiredo
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24 fevereiro 2009

Cadê o dono?


CADÊ O DONO?
Para Pedro Henrique, com carinho.
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De quem é o sino?
É da mimosa
- Vaca charmosa.
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E a coleira?
É do radar
- Cão de guarda espetacular.
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E o carrinho?
É do João
- Amigo-irmão.
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E a boneca assanhada?
É da Maria
- Menina-alegria.
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E o chapéu?
É do valente cowboy
- Meu herói.
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E o avental?
É da sublime poesia
- Meu anjo-guia.
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E o amor?
É chocolate quente
Aquece o coração de toda a gente.
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22 fevereiro 2009

Reforma ortográfica ...

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(Campanha do Grupo RBS)

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19 fevereiro 2009

Canção de Leonoreta


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CANÇÃO DE LEONORETA

Borboleta, borboleta
flor do ar,
onde vais, que me não levas?
Onde vais tu, Leonoreta?
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Vou ao rio e tenho pressa!
Não te ponhas no caminho.
Vou ver o jacarandá,
Que deve estar florido.
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Leonoreta, Leonoreta
Que não me levas contigo...
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Eugénio de Andrade
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17 fevereiro 2009

Raridade

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RARIDADE
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A arara
é uma ave rara
pois o homem não pára
de ir ao mato caçá-la
para a pôr na sala
em cima de um poleiro
onde ela fica o dia inteiro
fazendo escarcéu
porque já não pode voar pelo céu.
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E se o homem não pára
de caçar arara,
hoje uma ave rara,
ou a arara some
ou então muda seu nome
para arrara.
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José Paulo Paes
(Olha o bicho)

14 fevereiro 2009

Sementeira de tulipas

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Querido Helano,
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Hoje eu comprei sementes de girassol. Há isso de extraordinário no mundo. Quando alguém se sente só ou com saudade de outrém pode comprar sementes de girassol para vê-lo crescer. Pode até fazer uma sementeira de tulipas. Neste caso, é preciso aguar todos os dias, com a ponta dos dedos, deixando cair uma ou duas gotas, apenas. Já as coisas abrutalhadas, máquinas, tratores ou edifícios, deixo aos outros, cuidarem. Também elas precisam de carícias: não vê o homem pendurado nas vidraças com um pano molhado? Não vê a máquina acarinhando a outra com a lixa? Há muitas formas de cuidar. E, felizmente, o delicado e o bruto na esfera do mundo. Se me ocupo da semente é porque escuto o seu silêncio. O silêncio com que ela abraça, tão brandamente, o seu grãozinho de terra.

11 fevereiro 2009

Convite

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CONVITE
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Poesia
é brincar com as palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
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Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
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As palavras não:
Quanto mais se brinca
com elas,
mais novas ficam.
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Como a água do rio
que é água sempre nova.
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Como cada dia
que é sempre um novo dia.
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Vamos brincar de poesia?
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José Paulo Paes
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Ilustração: Jessie Willcox Smith
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10 fevereiro 2009

09 fevereiro 2009

(sobre a árvore...)

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Ó árvore, alguém pensou
na tua imensa alegria
quando enfim rompeste a crosta
e a alcançaste a luz do dia?
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Fernanda de Castro
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Dor de dente



Tô com dor de dente,
dor de dente,
dor dente.
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Como dói o dente,
dói o dente,
dói o dente.
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Falar com a mamãe?
Jamais!
O dentista dói muito mais!
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Pedro Bandeira

(Cavalgando o arco-íris )

07 fevereiro 2009

Ler

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Ler
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. A cabeça
de quem lê pouco
fica oca.
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Pra disfarçar
não adianta
usar boné
usar touca.
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Dá um croque nela
sai um som de panela
sai barulho de porongo.
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Da cabeça
de quem nada lê
sai um estrondo.
Buuuuuummmmmm!
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04 fevereiro 2009

(Palavra que voa)

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Há palavras
feitas p'ra voar
num céu de Maio.
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Leves palavras
ao colo do vento,
construídas como o papel
colorido
dos teus sonhos.
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Tomas uma e soltas o fio
que a prende
à tua mão.
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E a palavra
ganha asas,
eleva-se no ar
com o seu longo
ditongo
voador.
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Até encontrar,
no mais alto
de ti mesmo,
um lugar
imenso
para morar.
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João Pedro Mésseder
in
Palavra que voa, com ilustração de Gémeo Luís

03 fevereiro 2009

Não tem quem aguente


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NÃO TEM QUEM AGUENTE
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Tem certas dores
que dão de repente
não tem quem aguente.
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Dor de barriga
é a acrobata lombriga
dançando escondida?
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Dor de ouvido
é o travesso mosquito
zanzando, zunindo?
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Dor de dente
é o teimoso pica-pau
tamborilando na gente?
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Dor de cabeça
é a sábia suindara
rasgando mortalha?
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Dor de garganta
é a aranha arteira
tramando sua teia?
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Pra dor sarar
que tal um beijinho
e muito carinho?
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Lou Vilela

Também Maria

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Também Maria.].

Enquanto a noite desce
em uma balsa lenta,
eu abro o embrulho
azul de seda.

. Dois chocolates presos
em um laço de fita,
tirado do cabelo da
menina: Aparecida.
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Foi ela que me trouxe,
depois de tarde aflita,
quando soube que a
lua em mim habita.
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E que também sou:
Maria..

Marcelo Novaes
Encontrei esse poema no blog "O lugar que importa".