18 dezembro 2008

AMIGOS DO PEITO


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AMIGOS DO PEITO

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Todo dia eu volto da escola

com a Ana Lúcia da esquina.

Da esquina não é sobrenome,

é o endereço da menina.

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O irmão dela é mais velho

e mesmo assim é meu amigo.

Sempre depois do almoço,

ele joga bola comigo.

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Já o Carlos Albero, do lado,

(do lado não é nome também)

tem uma bicicleta legal,

mas não empresta pra ninguém.

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O bairro onde moro é assim,

tem gente de tudo que é jeito.

Pessoas que são muito chatas,

e um monte de amigos do peito:

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o Bruno do prédio da frente,

o Ricardo do sétimo andar,

o irmão da Lúcia da esquina,

o filho do dono do bar.

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O nome completo deles

eu nunca sei, ou esqueço.

Amigo não tem sobrenome:

amigo tem endereço.

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(Cláudio Thebas. Amigos do peito. Editora Formato. p.12)

VERDADES E MENTIRAS

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VERDADES E MENTIRAS
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Peixinho no peito
não é peixe, não.
É jóia de ouro.
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Barco de papel
não tem motor, não.
Nem ancoradouro.
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Quebra-queixo doce
quebra o queixo, não.
Quebra mesmo é o dente.
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Guarda-chuva, então,
guarda a chuva, não.
Guarda mesmo é a gente.
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Se digo "pois não!"
estou dizendo "sim!"
Não tô negando nada.
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Se digo "pois sim..."
quero dizer "não ..."
Mas que trapalhada ...
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(Gláucia Lemos . O cão azul e outros poemas. Belo Horizonte, Editora Formato. p.15)
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GOSTO MUITO DE RIMAR


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GOSTO MUITO DE RIMAR
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Gosto muito de rimar
Mas não sei rimar em ur
Poema com abajur
Só se eu chamasse Edmur
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Gosto muito de rimar
Rimo dor com ditador
Rimo flor com isopor
Rimo amor com apagador.
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Gosto muito de rimar
Rimo existir com sorrir
Rimo mentir com ____________
E sentir com ______________
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.Gosto muito de rimar
Rimo aprender com _________
Rimo sofrer com ___________
Rimo ser com ____________
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Gosto muito de rimar
Rimo sonhar com ___________
Rimo pensar com ___________
Rimo amar com ____________
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(Ricardo Azevedo.Ninguém sabe o que é um poema. São Paulo. Editora Ática).
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16 novembro 2008

FADAS E BRUXAS

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FADAS E BRUXAS

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Metade de mim é fada,

a outra metade é bruxa.

Uma escreve com sol,

a outra escreve com a lua.

Uma anda pelas ruas

cantarolando baixinho,

a outra caminha de noite

dando de comer à sua sombra.

Uma é séria, a outra sorrí;

uma voa, a outra é pesada.

Uma sonha dormindo,

a outra sonha acordada.

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Roseana Murray

(Do livro: Pêra, Uva ou Maçã, Ed. Scipione, 2005 )

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O velhinho que virou criança

A querida Madalena Barranco no seu blog FLOR DE MORANGO acabou de postar uma resenha do livro "O VELHINHO QUE VIROU CRIANÇA" .
A resenha é apresentada por Magalena, uma das criaturas fantásticas criadas por Madalena.
Adorei a resenha e acho que vocês também vão gostar:
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“O velhinho que virou criança” – resenha de livro infantil sobre Mário Quintana

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Autor do livro: Antonio Hohlfeldt
Mercuryo Jovem - publicado em 2006
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Magalena: este livro escrito por Antonio Hohlfeldt em 2006 tem como objetivo comemorar o que teria sido o centenário de nascimento do poeta e escritor de Rio Grande do Sul, Mário Quintana, em julho do referido ano. Ao dedicar o livro aos mais jovens, o autor encontrou uma forma de divulgá-lo à geração que não o conheceu e de homenagear aquele que sempre cultivou com ternura a criança interior. Mário Quintana – o Quintana – assim como era conhecido, deixou-nos poemas de fazer os corações revirarem os cérebros para o céu, somente para ouvi-lo dizer coisas iluminadas como: “A nossa vida nunca chega ao fim”, ou então, “Mas felizes, felizes esses peixinhos de aquário: pensam que o seu universo é infinito”.
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Magalena: o autor conheceu Mário Quintana na redação do jornal em que ambos trabalhavam, e como amigos conversavam muito e iam ao cinema. Quintana nunca se casou e passou a maior parte de sua vida morando em hotéis, talvez, segundo o autor, porque fosse atrapalhado e esquecido demais. Aí, Quintana foi ficando velhinho e parecido com seu poema “Como se fosse o primeiro passarinho do mundo / Na primeira manhã do mundo, / Voa e revoa (...)”. Ou seja, ele voltou a ser o que sempre fora: uma criança grande, que até hoje encanta o leitor com suas palavras de ternura viva e original. Ele teve uma infância tranqüila, talvez não tanto como ele tivesse gostado, porque se achava um menino que crescera dentro de um aquário por trás das janelas de casa, que estudava à luz dos lampiões à noite e não gostava da matemática da raiz quadrada – Quintana preferia as raízes aromáticas dos vegetais... Seu poema inicial foi para a primeira namorada e com o passar dos anos, sua poesia continuou falando de algo que ele adorava: grilos, borboletas, cachorros e estrelas. Mário Quintana foi poeta, escritor, jornalista, tradutor e acima de tudo, eterna criança!
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Observações do Gnomo Azul (fã do Mário Quintana): é emocionante conhecer Mário – o Quintana – e “ouvi-lo” falar diretamente à única parte de nosso ser que temos a opção de manter jovem ou não: nosso coração. O poeta diz que o anjo da reencarnação lhe perguntou antes de nascer o que ele queria ser na Terra, e ele escolheu ser “um polígono regular estrelado” em vez de um poliedro tridimensional, porque Quintana apenas queria existir “na face do papel... e não propriamente na face da Terra.”
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Bruxauva: bah, e eu que tenho mais de mil anos e ainda não virei criança... Sou melhor do que Mário Quintana porque eu sempre permaneci criança! Já sei que a essa altura vocês devem pensar que não fui uma criança muito comum... E vocês têm razão: eu sempre cacei sapos, fiz malcriações e colecionei aranhas em jardins abertos (jamais em potes de vidro, porque sou bruxológica pela ecologia e pela vida dos meus amados insetos), entre outras coisas que não revelo nem sob tortura... Foi numa tarde cor de chumbo que eu conheci o mago Laranjada, o veterinário que me ajudou a consertar com palitos de dentes a pata quebrada de uma aranha caranguejeira; depois, de mãos dadas fomos caçar sapos rechonchudos para um jantar romântico...
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Madalena Barranco

06 novembro 2008

HOJE É DIA DE CECÍLIA !

HOJE É DIA DE CECÍLIA !


Querida criança, você já sabe que Cecília Benevides de Carvalho Meireles
nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901.

Hoje, no dia do aniversário de nascimento da Cecília, quero convidar você a fazer uma pequena viagem no tempo para conhecer uma pouco a época em que essa escritora viveu ...


O Presidente do Brasil era Campos Sales.


As pessoas circulavam com cédulas nas bolsas e carteiras

e também levavam moedas de 200 réis ...


Gostavam de ler o jornal Correio da Manhã



e andar de bonde elétrico pelas ruas de São Paulo .


Na Escola Caetano Campos, as crianças faziam o maior silêncio durante as aulas.



Todo mundo comentava que Santos Dumont havia contornando a Torre
Eiffel com o seu dirigível número 6 . Foi uma festa !






Os carros estavam chegando. Olhe esse Mercedes :




As primeiras bicicletas motorizadas eram consideradas um avanço !





E o mais importante : Esse era o o Rio de Janeiro que Cecília conheceu e amou :




Essa postagem faz parte da blogagem coletiva :

24 outubro 2008

BLOGAGEM COLETIVA: HOJE É DIA DE CECÍLIA!


Photobucket

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O dia 7 de novembro marca mais um aniversário do nascimento da escritora Cecília Meireles. O blog NA DANÇA DAS PALAVRAS deseja comemorar esta data distribuindo a poesia de Cecília pela blogosfera com a blogagem coletiva: HOJE É DIA DE CECÍLIA!
Clique no selinho e participe também dessa festa !

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25 maio 2008

25 DE MAIO: DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESAPARECIDOS

Fotografia de Leonor Cordeiro

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Nossa querida Cecília Meireles escreveu:
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(...) Mas por que desaparece tanta gente, todos os dias, em redor de nós, sem que possamos admitir que esses desaparecimentos sejam de origem lírica?
Ouço pelo rádio as famílias, os amigos, os conhecidos que indagam, inquietos, que reclamam, descrevem, dão sinais, indicam pistas. Há desaparecidos de todas as idades e cores, e ambos os sexos, das mais variadas condições sociais: quem tiver notícias de seu paradeiro é favor informar às pessoas aflitas que os procuram.
Mas quem vai saber o paradeiro da mocinha de blusa cor-de-rosa e saia amarela que, assim colorida, bateu asas sem se despedir dos parentes? Quem viu o menino de blusão verde e sapatos novos que saiu de casa pela tardinha e lá se foi andando – e irá andando enquanto tiver boas solas nos sapatos – por muito que os pais inconsoláveis o estejam chorando e os vizinhos não possam entender tamanha ingratidão? Que foi feito da velhinha, um pouco desmemoriada, que saiu para a missa e depois entrou por um caminho desconhecido, com seu vestido cinzento, sua bolsinha de verniz e duas travessas no cabelo?
Há os desaparecidos recentes: de ontem, da semana passada, de há um mês ou dois. Assim mesmo recentes não se encontram vestígios seus em parte alguma. Foram raptados? Ficaram debaixo do trem? Subiram para algum disco voador? Afogaram-se? Partiram para o secreto paraíso onde não querem ser importunados? Embarcaram para Citera? Quem sabe o que lhes aconteceu?
Mais comoventes, porém, é a busca de desaparecidos antigos: “procura-se uma conhecida que há três anos não se encontra...” Para onde foi a jovem Marília que há cinqüenta anos disse que ia trabalhar no Rio de Janeiro?... Que é feito do rapaz moreno, com um sinal no queixo, que usava um cordãozinho de outro com a imagem de São Jorge?
Todas essas pessoas e muitas outras estão sendo procuradas, pacientemente, com anúncios pelos jornais e nas emissoras. Uma incansável busca. Gente de todos os Estados do Brasil, gente com vários compromissos: eram noivos, eram chefes de família, eram donas-de-casa.. Gente miúda, que não se esperava desse capaz de meter-se em aventuras: meninotas e rapazinhos em idade escolar; mocinhas que pareciam tímidas e assustadas, moços ainda sem emprego...
(...) Mas os afetos vigilantes continuam, inconformados, a recordar os ausentes – todos os dias novos, todos os dias mais numerosos – e, por humildes lugares, famílias tristes cultivam longos canteiros de saudades.
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(Trechos da crônica - GENTE DESAPARECIDA)
Cecília Meireles. Escolha o Seu Sonho - Editora Record, p.43-45
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Você sabia que o Brasil registra mais ou menos 40 mil desaparecimentos de crianças e adolescentes por ano?
Você sabia que aqui não existe uma rede ou cadastro nacional para registrar informações dos desaparecidos?
Você sabia que não há comunicação entre a polícia militar, civis e federal, em relação ao desaparecimento de uma criança?
Precisamos criar no Brasil o ALERTA AMBER .
Esse vídeo vai explicar para você o que é o ALERTA AMBER:

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Você pode participar do MOVIMENTO PELA CRIAÇÃO DO ALERTA AMBER NO BRASIL assinando a petição que será encaminhada à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal . CLIQUE AQUI PARA ASSINAR !